No arco da ponte
por onde atravesso
vejo esta cidade mais bonita
e sei que devo encantá-la:
Sou a moça que passa
para o motorista largar sua graça.
Dói esta cidade
e em descompasso ao rio, passo.
Num ritmo suava
a minha dor é lavada
pelas suas águas.
Na calçada da igreja
os mendigos estão sediados,
são os homens descalços
e um caju doce
bem que lhes tornaria a boca menos amarga.
São gostosos os cajus,
São Francisco quer uma passa.
Ao pé do altar que guarda
a santa imagem de Chico,
um cajueiro ramifica em cor verde natal
para doar o fruto que brota
a flor de dezembro.
Deus-menino será agraciado
com um magno colar de castanhas
feito pelos habitantes reis-magros do Recife,
onde nasce o milagre.
( in "Poesia Viva do Recife", antologia de poetas recifenses com temática sobre a cidade, Recife - Pernambuco)
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